Anuncie Bate-papo Coberturas Home Real Player Windows Media Player Winamp AAC Cabaré da Rrrrraça: LÁZARO RAMOS NO ESPELHO DE MADAME SATÃ

Friday, December 16, 2005

LÁZARO RAMOS NO ESPELHO DE MADAME SATÃ


Protagonista de um dos filmes mais esperados do festival, o baiano Lázaro Ramos, de 23 anos, já é considerado por muitos um dos maiores atores brasileiros da nova geração por sua atuação em Madame Satã, dirigido por Karim Aïnouz. Interpretando um personagem intenso, cheio de paixões e rebeldia, Lázaro - que começou sua carreira no Bando de Teatro Olodum, em Salvador, sua cidade natal - chega ao quinto longa-metragem. Os outros foram O Homem do Ano, de José Henrique Fonseca; As Três Marias, de Aluízio Abranches; Cinderela Baiana, de Conrado Sanches; e Sabor da Paixão, da venezuelana Fina Torres. Ele também atuou em Carandiru, de Hector Babenco (para o qual foi convidado depois do diretor ter visto seu desempenho em Madame Satã) e O Homem que Copiava,de Jorge Furtado. Antes da coletiva que reuniu atores e diretores da Première Brasil, Lázaro falou sobre seu trabalho em Madame Satã e seus próximos projetos.
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Como foi pra você interpretar o Madame Satã? Você já o conhecia?
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Eu não tinha muitas referências. Meu pai me contou, morando em Salvador, que havia um malandro que dava porrada em seis marginais ao mesmo tempo. Meu conhecimento era somente esse. Mas foi muito bom, um grande desafio que valeu a pena.
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Como foi a criação do personagem?
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Teve um estudo de práticas: aprender a lutar capoeira, mexer com navalhas e ao mesmo tempo ler a biografia dele e ver filmes de referências. Mas como o filme não se propõe a ser biográfico apenas, é um filme que quer discutir o sentimento e a intimidade, as grandes referências para a construção do personagem eram os sentimentos propostos no roteiro. A partir dessa busca a gente entendia um pouco dele. Quer dizer, entendê-lo a gente não vai nunca, mas entender um pouco de onde brotavam esses sentimentos que fizeram dele o mito que era.
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O que você achou da polêmica sobre a cena de sexo no meio do filme com o ator Felippe Marques?
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Achei muito engraçado as pessoas falarem isso porque o filme tem uma hora e vinte e a cena tem dois minutos. Deve mexer com as pessoas por "n" questões. Primeiro, porque é uma cena de sexo homossexual e inter-racial, e ao mesmo tempo tem um detalhe, que ela é carinhosa e não brutal. E aí ela mostra que é possível. E isso deve mexer com as pessoas. Eu acho isso muito bom porque o espectador não sai do filme imune, ele reflete. E o filme também não se representa só por essa cena de sexo. Cada momento dele traz uma sensação diferente e isso eu acho bonito. Acho que a cena de sexo compõe, mas não é tudo no filme.
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Qual característica do Madame Satã você mais admirou?
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A reinvenção. Em cada cena ele era uma coisa. Em uma ele era uma lady; em outra, queria ser muito violento; e em uma terceira, era carinhoso. E isso me impressionou muito em uma figura que em dois segundos consegue ter 50 características diferentes.
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Como foi trabalhar com Karim Aïnouz?
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Em primeiro lugar, ele é um diretor muito carinhoso. Só fiz o que fiz porque foi com ele, que tem muito tato, é muito competente, sabe o que quer e sabe pedir muito bem. O Karim tem bem claro na cabeça dele o que quer e te comunica de uma forma que você entende, vai lá e executa. Eu o admiro muito.
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Madame Satã tem uma luz pouco comum, cheia de claros-escuros. Como isso influencia no filme?
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Acho que só ajuda. A grande qualidade do filme é a luz, o desfocado, a descontinuidade. Gosto muito daquele clima que se apresenta nele. Tem algumas cenas que o áudio vem primeiro e depois vem a ação. Eu acho isso muito bonito, uma boa sacada.
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Qual você acha que vai ser a repercussão do filme no Brasil?
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Eu espero que boa. Estou ansioso para que meus amigos vejam porque estou muito orgulhoso desse filme. E acho que vá mexer com as pessoas. Não chega a ser um filme comercial, mas ao mesmo tempo é um personagem muito conhecido. Eu acho que vai um dos filmes chamados “não comerciais” que vai ultrapassar essa barreira porque o que se discute na história é muito maior do que ser comercial ou não.
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Como foi o processo de seleção pelo qual você passou para viver o Madame Satã?
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Quando eu ainda morava em Salvador, o [diretor e roteirista] Sérgio Machado fez um teste comigo. Eu tinha 19 anos, parecia muito novo para o personagem. Aí, vim para o Rio fazer uma peça chamada A Máquina e quando cheguei aqui, o ator que iria fazer o filme teve outros compromissos. Três semanas antes de começarem as filmagens, o Karim me chamou para mais um teste. Nesse meio, eu tinha feito outros dois testes. O primeiro não prestou porque a minha fita ficou muito escura e no segundo, o áudio ficou ruim. Mas o universo conspirou para que esse personagem fosse meu!
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Quais são seus próximos projetos?
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Eu estou fazendo uma mini-série - que na verdade é filme - do Sérgio Machado, para a [Rede] Globo. Vai passar em novembro. Se chama Os Pastores da Noite, [inspirada na obra] de Jorge Amado. Tem o Mateus Nachtergaele e o Luiz Carlos Vasconcellos.
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(Dominique Valansi)
Fonte: Festival do Rio

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