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Monday, June 04, 2007

Lázaro Ramos critica provável censura a ‘Ó, paí, ó’

04/06/2007 - 3h57m


A possibilidade de censura ao filme Ó paí, ó, dirigido por Monique Gardenberg, por causa de uma personagem que é policial militar contratado por um comerciante para, na gíria dele, “limpar a área”, despertou uma polêmica sobre a liberdade de expressão.
Uma nota divulgada pelo colunista Jorge Bastos Moreno no jornal O Globo, reproduzida na edição de sábado do Correio da Bahia, mostra a intenção da Polícia Militar (PM) do estado de cortar trechos da obra por retratar um integrante da corporação corrompido. O ator principal do filme, o baiano Lázaro Ramos, disse ontem que o roteiro não ofende a PM e que em qualquer profissão há elementos corruptos. “É uma polêmica desnecessária”, decretou o artista.
A nota diz que a intenção dos comandantes da corporação é tirar as cópias do filme de circulação ou exigir a reedição da película. “Tudo porque o filme, baseado na peça homônima do Bando de Teatro Olodum, mostra um PM sendo contratado por um comerciante do Pelourinho para exterminar garotos de rua.
A Procuradoria Geral do Estado foi acionada para exigir dos produtores o corte dessa cena, caso contrário as cópias do filme serão apreendidas em todo o país”, diz trecho da nota publicada por Bastos Moreno.
Mesmo sem a confirmação da intenção de censura da PM, artistas e espectadores já reagem contra a possibilidade de retaliação. Durante a década em que a peça ficou em cartaz em Salvador, sempre com grande apelo de público e a consagração do Bando de Teatro Olodum, não houve represálias ou tentativas de cortes de cenas.
O protagonista de Ó paí, ó, o baiano Lázaro Ramos considera toda a questão “uma polêmica desnecessária”. “O filme não ofende a Polícia Militar. Este é um caso que infelizmente foi real na época em que a peça foi escrita, mas não está generalizando o trabalho da polícia. Em qualquer profissão, seja no jornalismo ou no cinema, há maus profissionais. Isso também pode existir na PM”, desabafou o ator.
Apresentador e diretor do programa Espelho, exibido pelo Canal Brasil, onde faz entrevistas que tratam da valorização da cultura negra, o artista foi mais profundo na questão do que simplesmente os perigos da ameaça de censura. “Em vez de cercear a arte, acho que seria mais saudável discutir a realidade social que origina casos como esse”, reforçou.
* com informações do Correio da Bahia e do iBahia

COMENTÁRIO DE VALDECK ALMEIDA DE JESUS

Nosso país vive o complexo da avestruz. Vivemos o tempo todo com a cabeça enfiada no chão, fingindo que não estamos vendo as coisas. São crianças nos semáforos, são jovens negros sendo ceifados pela morte todo final de semana (envolvimento com furtos, drogas etc), são denúncias e mais denúncias dando conta do assassinato de pessoas na periferia, é o tráfico de drogas, são os assaltos a ônibus coletivos e intermunicipais, enfim... tudo o que vemos nas manchetes dos jornais e ninguém toma uma providência... Quando o assunto vira filme, aí sempre aparecem os "justiceiros", os 'legalistas', os cumpridores da Constituição etc, a se manifestarem dos seus gabinetes suntuosos... É o país do faz de conta. Todos fingem que vivem numa nação, quando se sabe que a verdade é CADA UM POR SI...Infelizmente, para mim, é uma vergonha este estado de coisas...

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