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Tuesday, June 27, 2006

Entrevista com Lázaro Ramos

Com o currículo que esse baiano de Salvador tem pelas costas, nem parece que é a primeira novela em que atua. Mas é. Aos 27 anos, depois de 17 filmes, inúmeras peças de teatro, séries e uma microssérie, Lázaro Ramos estréia nos folhetins. O carisma de Foguinho é tamanho que, antes mesmo de cair nas graças do público, seduziu o ator, convencendo-o a investir no personagem. E não é que ele está adorando essa nova experiência? Enquanto se maquiava antes de dar início a mais um dia de muitas cenas na pele do trapalhão de Cobras & Lagartos, o ator falou sobre a carreira e de como tem sido o trabalho na novela.
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Qual a sua formação? Sempre trabalhou como ator?
Fiz curso livre de teatro na Bahia, durante três anos, numa instituição chamada Anísio Teixeira. Sou técnico em patologia, com formação de segundo grau, profissão exercida. Analisava exames de sangue, de fezes e de urina. Também tenho superior incompleto em bioquímica. Fui jubilado porque fiz três meses e depois não apareci mais. É que a carreira de ator começou a dar certo. Profissionalmente como ator, comecei em 1994, quando ingressei no Bando de Teatro Olodum, que é meu grupo de teatro até hoje.
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Você já atuou em muitos filmes, sempre um atrás do outro. Isso foi uma opção ou uma questão de oportunidades que foram aparecendo e você não quis deixar passar?
Já fiz 17 filmes até então. Foram oportunidades e uma questão de foco mesmo, porque percebi que estava num momento de crescimento do cinema nacional. E também porque os personagens que me ofereceram no cinema foram muito generosos, então, eram sempre propostas irrecusáveis. O fato de ter sido um atrás do outro não era problema. Sou workaholic, gosto de trabalhar.
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É a sua primeira novela. Por que não tinha feito novelas antes?
Porque os convites para cinema foram sempre mais sedutores. E o Foguinho, nesse momento, me pareceu mais sedutor do que os outros convites, por isso resolvi fazer.
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Qual a principal diferença em se fazer novela e cinema?
Estou me dedicando igual, como se fosse pra fazer um filme. É claro que o processo é um pouco mais acelerado, porque você tem um volume maior de cenas e de trabalho, mas a dedicação é a mesma. Estou achando diferente é que você não sabe pra onde vai, fica disponível a qualquer proposta. O retorno do público também é diferente, porque não é uma história que já foi concluída. As pessoas opinam sobre o que deve acontecer, por que você fez isso ou aquilo...

De onde vem a sua intimidade com a comédia? Você é naturalmente engraçado ou esse jeito cômico que mostra na TV é todo calculado?
Acho que vem desse meu grupo de teatro (Bando de Teatro Olodum), na Bahia. Lá, a criação dos espetáculos sempre foi através do improviso. E apesar de ser um grupo que se preocupava em falar de questões sociais, a comédia sempre era um caminho, sempre esteve presente. Pra novela, tem coisas que calculo e tem outras que não. Por exemplo, um strip-tease é incalculável, tem que ser na relação com o outro ator, como nas cenas com a minha família. E, calculado, talvez cenas como uma em que era o Foguinho falando com ele mesmo. É um monólogo, um texto enorme, uma relação pessoal. Aí, dou uma estudadinha mais calculável em casa.
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Você costuma se assistir na TV? O que avalia?
Costumo quando posso, porque não tem dado muito tempo. Fico me corrigindo: 'Podia ter melhorado esse tempinho aqui', ou: 'Esse olhar não foi o ideal' etc. Mas, às vezes, assisto me divertindo, dou risadas. Gosto muito de comédia do absurdo e tem uns caquinhos que a gente coloca que são absurdos.
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O que o Foguinho tem em comum com você?
Apesar de ter a estima baixa, ele acredita, é otimista. E eu tenho arroubos de otimismos.
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Você se inspirou em alguém conhecido para construir alguma característica da personalidade dele?
O texto do João (Emanuel Carneiro) já vem com muita informação. O texto é a principal inspiração. Ele foi muito feliz na criação desse personagem. Junto com isso, há uma proposta da direção do Wolf (Maya) que sempre foi de não fazer o personagem demasiadamente depressivo. Pois é um personagem que, apesar de ter momentos de tristeza, é alegre na essência. Tudo isso já foi uma referência muito forte. Mas no dia-a-dia, é claro que a gente pega uma piadinha de um amigo e acrescenta.
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Alguém já lhe abordou na rua dizendo que se identifica com o Foguinho?
Bastante. Sempre o acham parecido com alguém que conhecem. É bacana quando tem essa identificação. Ele sempre parece com um primo, com um tio...
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Quais as vantagens e quais as desvantagens em se fazer um par romântico com a sua mulher (Taís Araújo), na novela?
Só tem vantagem, porque ela é uma atriz com quem sempre quis trabalhar e de quem sempre admirei o trabalho. Sempre quis estar junto e agora está sendo bom poder fazer isso.
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Fonte: Globo

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