Anuncie Bate-papo Coberturas Home Real Player Windows Media Player Winamp AAC Cabaré da Rrrrraça: Lázaro Ramos sucesso absoluto

Friday, December 16, 2005

Lázaro Ramos sucesso absoluto

POR TÂNIA ANGARANI
Em tempo recorde, ele soma quatro elogiados filmes, dezenas de prêmios, uma minissérie e um quadro no Fantástico. Agora se prepara para voltar à telona e, quem sabe, se casar com Taís Araújo.
.
Aos 26 anos, o baiano Lázaro Ramos está muito bem instalado no topo da lista dos melhores atores do Brasil. Se o talento é inato (não se tem notícia de outro ator na família), a elegância e a educação que mostra a cada gesto e palavra, e a auto-estima inabalável são heranças da mãe, Célia, a mais forte figura feminina da vida dele. "Cresci ouvindo ela dizer que eu era lindo e inteligente", diz Lázaro, que hoje só tem uma tristeza: não ter Célia como espectadora do sucesso dele. Ela morreu há cinco anos, vítima de uma doença rara.
.
O rapaz, que no momento apresenta o quadro Instinto Humano, do Fantástico, tem no currículo nada menos que quatro grandes sucessos de bilheteria no cinema (Madame Satã, O Homem que Copiava, Carandiru e Meu Tio Matou um Cara), uma minissérie (Pastores da Noite), um seriado de humor (Sexo Frágil) e duas peças (A Máquina e As Três Marias). E uma dezena de prêmios pela atuação neles. Nada mau para quem estreou frente às câmeras há quase cinco anos. Logo, estará de volta à telona em Cafundó e Cidade Baixa; e em outra minissérie da Globo: Carandiru - adaptação para a TV do filme no qual vive o surfista doidão que interpretou no cinema.
.
O desempenho arrebatador que imprime a cada personagem, a sinceridade cortante, o charme e modos de príncipe fazem de Lázaro um dos atores mais adoráveis da sua geração. O que mostra que Taís Araújo, a namorada e aparentemente a futura mulher, não pode reclamar da vida.
.
Lázaro recebeu a reportagem de Raça Brasil no hotel em que se hospedou em São Paulo durante as filmagens da nova minissérie e abriu o coração.
.
Raça Brasil - Como a carreira de ator surgiu na sua vida?
Lázaro Ramos - Foi por mero acaso. Os colegas do grupo de teatro da minha escola viviam falando do Bando de Teatro Olodum, formado por atores negros. Um dia fui com eles assistir a uma peça e adorei! Ficamos sabendo que o Bando buscava novos atores e, no dia seguinte, voltei com cinco amigos para fazer o teste. Fui o único aprovado. Como tinha só 15 anos, acabei transferido para outro grupo, porque o Bando só aceitava adultos. Mas tanto insisti, que acabei aceito pela turma mais velha. Me apaixonei pelo trabalho porque percebi a importância histórica do grupo, pelo assunto que tratava nos espetáculos e pela repercussão. Por ter entrado tão cedo na minha vida, o Bando formou minha personalidade e me deu a oportunidade de aprender a profissão pela qual me apaixonei. Foi uma coisa muito legal, até porque eu era tímido e perdi a timidez no palco.
.
"O maior patrimônio que minha mãe me deixou foi a alegria. Ela perdeu a capacidade de andar e nunca perdeu o humor. Graças a ela, procuro levar comigo a mensagem de que nada é impossível"
.
Raça - Antes você foi técnico de laboratório de análises clínicas...
Lázaro - Quando terminei a 8ª série, o colégio montou um curso de Teatro, mas só podia freqüentá-lo quem estudava lá. O colegial era profissionalizante - tinha cursos de Desenho e Patologia -, como não sei desenhar, optei por Patologia. E acabei gostando da profissão, contribuiu para conseguir dinheiro para ajudar em casa. Naquela época, minha mãe [Célia] foi acometida por uma rara doença degenerativa, que lhe roubou os movimentos, aos poucos, até tirá-los de vez. Por mais que recebesse auxílio dos irmãos e de meu pai, de quem se separou quando eu era pequeno, me senti na obrigação de ajudar a sustentar a casa. Sou filho único e eu e minha mãe sempre tivemos uma relação próxima. A alegria dela e a minha estavam absolutamente ligadas; ela era muito feliz estando perto de mim e eu era muito feliz estando perto dela.
.
Raça - Sua mãe não teve tempo de acompanhar seu sucesso como ator...
Lázaro - Não... Quando ela morreu, há cinco anos, meio que tudo perdeu o sentido para mim. Porque tudo o que eu fazia era para ela, para ela ficar feliz. O maior patrimônio que minha mãe me deixou foi a alegria. Ela perdeu a capacidade de andar e nunca ficou triste ou perdeu o humor. Sempre ofereceu um sorriso a todos que iam visitá-la. Graças a ela, procuro levar comigo a mensagem de que nada é difícil. Célia, que teve todos os motivos para se abater, nunca se entregou, não tenho motivo para me abater.
.
Raça - Além da alegria e do otimismo, o que mais você herdou dela?
Lázaro - Minha mãe é uma memória muito positiva na minha vida. Era uma mulher muito carinhosa, acho que muito de minha personalidade tranqüila e carinhosa vem dela. Ela era empregada doméstica e trabalhava muito, sem se queixar e sempre querendo trabalhar mais. Como admirei muito minha mãe, procuro sempre respeitar e valorizar as mulheres.
.
Raça - Taís Araújo tem sorte! Como é que vocês se conheceram?
Lázaro - Desculpe, mas a gente não gosta de falar dessas coisas.
.
Raça - Mas há quem diga que vocês estão de casamento marcado...
Lázaro - Será? Tomara que sim [risos]! Bom, deixa eu falar da Taís: ela é uma mulher admirável, que sempre admirei de longe pelo trabalho, postura, beleza. Antes de qualquer coisa, sou um admirador da Taís, da profissional que é, da pessoa responsável, da pessoa que está sempre querendo aprender. E quero estar sempre ao lado dela... profissionalmente. É a mulher certa.
.
Raça - Você é romântico?
Lázaro - Sou. Não tenho vergonha de demonstrar carinho. Não só com namorada, mas com as pessoas que gosto. Não tenho vergonha de dizer que amo Wagner Moura [ator de Sexo Frágil], meu melhor amigo. Minha afetividade não é escondida; está aqui para ser distribuída.
.
Raça - Você não gosta de mostrar sua vida na mídia. Como consegue manterse longe da exposição?
Lázaro - Ainda estou aprendendo. Quando eu e Taís começamos a namorar, tivemos de divulgar alguma coisa. Agora, quanto mais o tempo passa, mais procuro me preservar, estar onde realmente é necessário, na Raça, por exemplo, porque para o leitor dessa revista é importante ler essas coisas aqui que estamos conversando. Eu e Taís não falamos nada sobre a gente. Primeiro porque não tenho habilidade para expor minha vida pessoal. Segundo porque não acho legal, acho que muito mais importante do que nossa intimidade é a nossa história como profissional. Terceiro porque não me expor é o que faz com que eu saiba quem sou; vivo a vida de tantos personagens, que, se não preservar alguma coisa minha, posso virar um personagem e minha vida, uma novela.
.
Raça - Será que não corre o risco de ganhar o rótulo de antipático?
Lázaro - Não é impossível. Mas acho que sou um cara legal, um cara simpático, e, com o tempo, a imprensa vai compreender e respeitar isso. Acho que, se você age com agressividade, recebe o mesmo de volta. Não vou dizer que não me irrito nunca. Por exemplo, quando eu e Taís começamos a namorar, tinha paparazzo na porta de casa, o que é uma coisa que irrita. Mas quero conquistar o que tenho que conquistar; que as pessoas entendam que eu quero é falar da minha profissão. É uma coisa da qual não vou abrir mão.
.
Raça - Hoje as pessoas pedem autógrafo e falam com você na rua. Como é lidar com esse assédio?
Lázaro - Tento agir normalmente, faço piadas e converso. Claro que já teve dia de eu estar triste, andando no shopping e as pessoas virem falar comigo. Aí percebo que estou no lugar errado e procuro outro. Mas é o preço, né? Quando você faz televisão e cinema, a curiosidade é inevitável. Também tento não me deslumbrar com o assédio, sei que pode ser passageiro. Quando tiver meus 102 anos, espero viver até lá, vou descobrir que o que ficou mesmo não foi a fama, e, sim, o trabalho.
.
Raça - Se deixar o sucesso sobe à cabeça, não é?
Lázaro - Você pode se achar o máximo e, na verdade, não é assim. Ator deve continuar sendo ator, não pode virar celebridade. Ator deve continuar com o pé no chão. Manter-se humilde.
.
Raça - Nesse caso específico o que é manter-se humilde?
Lázaro - É procurar manter as mesmas amizades, manter os mesmos princípios, saber de onde veio, ter consciência de que você está nessa profissão não pelo glamour, mas para passar uma mensagem. É nisso que acredito. É claro que tenho meus dias de mau humor, mas procuro ser educado com as pessoas.
.
Raça - Como é sua relação com os fãs negros? Eles falam muito com você?
Lázaro - Está aí uma coisa de que me orgulho. A galera tem muito orgulho de mim, me trata muito bem, acha que estou no caminho certo. E às vezes me dá um puxão de orelha por uma coisa que eu disse e que foi mal entendida. Mas é muito bom saber que sirvo de exemplo de auto-estima.
.
Raça - Você já foi alvo de racismo?
Lázaro - Várias vezes em Salvador, por policiais que sempre têm uma abordagem diferente para o cidadão negro. Para mim isso é racismo quando você está ali para proteger a sociedade e trata o cidadão branco diferente do negro. Já fui muito maltratado.
.
"O Bando de Teatro do Olodum me deu consciência e me ensinou a lidar com as situações de racismo. A gente precisa ser treinado para lidar com ele e estar com a auto-estima lá em cima para enfrentá-lo".
.
Raça - Maltratado como?
Lázaro - A polícia pára um ônibus e, na hora da revista, só exige que desçam os negões. Mas o Bando de Teatro do Olodum me deu uma consciência e me ensinou a lidar com isso. Uma noite, ao tirar dinheiro em um caixa 24 horas, em Salvador, fui abordado por policiais que perguntavam o que eu estava fazendo ali. Com o argumento na ponta da língua, revidei: "Por que você está me perguntando isso? Vim tirar o meu dinheiro no meu banco. Por que você me parou?" Sem graça, o policial respondeu: "Sei lá, você é um tipo suspeito, de boné". Resultado: fiquei um tempão conversando com o cara e ele acabou me pedindo desculpas. Infelizmente a gente precisa ser treinado para lidar com o racismo. Primeiro tem que estar com a auto-estima lá em cima, porque do contrário você se sente menosprezado, e depois tem de ter argumento, né?
.
Raça - Quais seus atores preferidos?
Lázaro- Geralmente reverencio um ator que está ligado ao bom ser humano, acredito que uma pessoa só pode ser um bom ator se for bom ser humano, ou se tem alguma coisa que me inspira. Não consigo me centrar em um, tenho vários: Milton Gonçalves, pela qualidade de ator e o posicionamento político, que é importantíssimo; Zé Dumont, que, para mim, é o melhor ator de cinema do Brasil. Pedro Cardoso é um ator que eu admiro porque ele faz um humor sofisticado com uma mensagem muito consciente. Quando contracenei com Fernanda Montenegro, em Pastores da Noite, fiquei encantado pela pessoa e pela qualidade de atriz que é. Adoraria contracenar com Léa Garcia. E também com Taís Araújo, minha namorada, porque admiro muito o trabalho que faz.
.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home