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Friday, December 16, 2005

As mil faces de Lázaro


Intenso e versátil, o ator encanta platéias, é disputado por diretores e agora se destaca como apresentador na TV
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O cineasta Jorge Furtado escolheu o ator que seria o protagonista de seu filme O Homem Que Copiava (2003) nos primeiros minutos em que testava um rapaz para o papel. ''Na hora eu pensei: onde é que estava esse cara?'', lembra. O motivo de tamanho espanto chama-se Lázaro Ramos. Conquistado pelo talento do rapaz, Furtado fez um roteiro sob medida para que Lázaro pudesse exercitar sua veia cômica. O resultado é Meu Tio Matou um Cara, atualmente em cartaz.
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O ator Wagner Moura teve uma sensação parecida: viu Lázaro no palco há dez anos, em Salvador, terra natal de ambos. Impressionado, foi ao camarim cumprimentá-lo. ''Ele nem tinha o papel principal, mas me deixou de queixo caído'', conta. Com Lázaro cada vez mais em evidência, no cinema e na televisão, a reação tem se repetido com freqüência - entre diretores, atores ou anônimos espectadores.
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Foi em 2002, com seu primeiro papel como protagonista, no longa Madame Satã, de Karim Ainouz, que ele causou surpresa pela primeira vez. Ganhou elogios rasgados na pele do lendário malandro da boemia carioca. Recebeu mais de dez prêmios, nacionais e internacionais. De lá para cá, fez outros cinco filmes, dois com estréia prevista ainda para este ano: Cidade Baixa, de Sérgio Machado, história de um triângulo amoroso, e Cafundó, de Paulo Betti e Clóvis Bueno, que narra a trajetória do líder espiritual João de Camargo.
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Na televisão, deve estrelar a terceira temporada da sitcom Sexo Frágil, na Globo. Desde janeiro, apresenta o quadro Instinto Humano no Fantástico. Por sua capacidade de comunicação, foi escolhido para apresentar os 16 episódios da série produzida pela BBC inglesa. Os quadros respondem a curiosidades sobre o comportamento humano. É mais uma das facetas de um artista que tem na versatilidade seu maior trunfo.
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''Não gosto de rótulos. Sou um ator e ponto. Mas tenho muita curiosidade e minha cabecinha é doida'', diz Lázaro. Ele também está trabalhando para montar neste ano, no Rio de Janeiro, a peça infantil Paparutas, texto seu inspirado nas lembranças da infância na Ilha do Pati, na Bahia, onde passava férias. Filho de um operário e de uma empregada doméstica, foi criado pela avó. Formou-se num curso profissionalizante de Patologia Clínica apenas para satisfazer o pai - e assim conseguir continuar nas aulas de teatro. Ele chega aos atuais 26 anos com um currículo que impressiona. Sente falta dos tempos do Bando de Teatro Olodum (companhia só de atores negros), da preparação contínua de interpretação, da dança, do canto, da reação imediata da platéia. Talvez por sua formação, acha a TV um veículo difícil. ''É muito rápida, industrial. Como gosto de burilar os personagens, acabo me desgastando.''.
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Para cada papel, o ator se prepara de uma forma diferente. ''Alguns estão dentro de mim, como o André, de O Homem Que Copiava. Foi só buscar o adolescente que eu mesmo fui'', diz. Com Madame Satã foi diferente. O criminoso, artista, homossexual, mito do bairro da Lapa não registrava semelhanças com a vida do ator. ''Usei a intuição e precisei simplesmente me jogar, sem pensar muito no que estava fazendo'', conta. Para ajudar, morou na Lapa por algum tempo. ''Compor um personagem é muito bom. Tenho muitas idéias, gosto de recriar o texto, de ter liberdade para inventar. Penso em dirigir um dia'', diz.
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Foi nesse contexto que aceitou o convite para apresentar Instinto Humano, função em que vai estar por quatro meses. ''O programa tem uma linguagem que me agrada. Gosto de criar formas interessantes de explicar para o povo coisas complicadas como Biologia e Teoria da Evolução'', diz. ''Tenho me divertido muito.''.
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Lázaro acredita que o ator tem um papel social. Acha que seu trabalho serve para entreter, mas que não pode deixar de lado a reflexão. Gosta de tentar o novo e quer dar voz a uma parte do Brasil que não tem tido espaço. ''Não escolho trabalhos pela repercussão que poderão ter, mas pela possibilidade de dar meu depoimento por meio deles.'' Ele se interessa por política, lê, é informado, tem senso crítico sobre o que o rodeia. ''O dia-a-dia é minha matéria-prima. Um ator corre perigo quando fica olhando para si mesmo o tempo todo'', afirma.
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Com tantos trabalhos, Ramos tem se tornado onipresente, superando o preconceito que ainda existe em relação aos atores negros e ao sotaque nordestino. Namora há três meses uma das beldades do país, a atriz Thaís Araújo. Mas, da vida pessoal, ele não gosta de falar. Elogia, no máximo, a beleza do Rio, cidade onde fincou pé há um ano e meio. ''Ainda fico bestificado de ver, não me acostumo.''. A frase poderia ser dita quando se vê Lázaro em cena.

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